Direção: Peter Weir
Roteiro Andrew Niccol
Elenco: Jim Carrey, Laura Linney, Natascha McElhone
Título original The Truman Show
A socialização é de caráter coercitivo. Isso quer dizer que a criança vai encontrar locais sociais pré-definidos, ou seja, o lugar de pai, de mãe, de tio, por exemplo. Diante disso, aprendemos a ser o que somos a partir dos lugares. A partir do lugar há a construção do mundo simbólico, ou seja, eu penso a partir do meu lugar. A fala não é de quem fala, é de quem é falado pelo lugar. Em outras palavras, qualquer um colocado num lugar específico será tomado a partir do local que está colocado. Assim, o lugar constrói personagens.
Diante disso, o lugar da psicanálise é nos levar para o lado sombrio, como uma corda estendida no abismo entre o amparo e desamparo em que vivemos, encarando aquilo que somos. Parafraseando Nietzsche, nós não removemos o lamaçal, mas aprendemos a olhá-lo de cima da montanha.
Neste sentido, estabelecemos vínculos para não nos sentirmos sós. Tudo é fuga de algo que nos remova dessa condição original que é o desamparo, por termos sidos expulsos do útero de nossas mães. Sendo assim, nos lançamos na vida em busca do amparo inicial, o acolhimento como se tinha no útero.
Como Truman, estamos sempre nos libertando, sendo o movimento entre o amparo e desamparo descobrir-se para além da consciência atual. Em outras palavras, isso significa um rompimento consigo mesmo para torna-se além do que somos. Um lugar que nos desconhecemos/conhecemos na medida em que somos Criador. Neste sentido, o processo de subjetivação é acompanhado dessa curiosidade de viver o novo e de buscar o conhecer a si mesmo, e assim o mundo.
Muito bom